09 maio, 2012

Sensatez e anestésicos.


Hoje eu acordei estranho, os meus sentidos todos alheios. Verifiquei o telefone a cada oportunidade que me aparecia, mas nem um sinal de fumaça você me mandou. Ninguém me olhou nos olhos enquanto fazia aquele caminho de sempre. Enviei um pedido de socorro, mas ninguém pareceu me ouvir. Antes mesmo de sair casa, tentei ficar mais bonito por fora, mas meus olhos não sorriam e minha alma não tinha cor. Eu não sentia. Queria sentir...

O ônibus estava lotado, e eu não tinha a esperança de te encontrar. Continuei fechado em meu casulo, sorri para um estranho que esbarrou em mim e para um conhecido que estava sentado ao lado. Mas só sorri com os lábios. Mas de repente algo me tomou pelas pernas e me fez bambear. Até quem estava próximo sentiu o calor que irradiava de mim. Você entrou. Abriu aquele seu sorriso de sempre e eu retribui. Dessa vez até com o fígado. E você também parecia diferente. Porém, ao fundo daquela máscara ainda havia a minha pequena. Mas eu não pude ouvir tua voz e me saciar de você.

No trabalho nos encontramos várias vezes, e você sempre vinha me contar daqueles seus casos de sempre. Seus rapazes. Eu apenas dou risada e finjo acompanhar, enquanto, na verdade, sua boca com esse novo batom tem me feito enlouquecer. E eu me permito. Permito que o desespero volte a tomar conta, que o desejo me inunde mais uma vez. Permito-me sentir mais uma vez. Logo agora que suplico por sensatez e anestésicos.

A verdade é que você tem sido minha companhia durante as noites de insônia. É você que em meio a essa bagunça toda, tem feito as coisas seguirem, mesmo que em caminhos tortuosos. É uma pena que esse teu sorriso não ser apenas meu. Eu já não resisto a essas tuas manias todas, que me prendem pelas pernas, mas também me faz perde o chão. É esse teu gosto penetrando vielas em meu corpo, gosto que um dia provei. São pequenos detalhes de nós, nossas somas mal feitas ou nossas brigas sem razão. Seus olhos engolindo minha alma. Essa vontade louca de te ter a toda hora, porque de você, pequena, eu não enjoou. Foi esse teu gosto viciante de excitação que me deixou de pernas bambas.

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