25 março, 2018

um grito abafado

Criei em mim uma casca protetora em uma tentativa equivocada de ocultar minhas fraquezas e vulnerabilidades. Silenciei as vozes que vinham do meu peito e tentei inultimente dar atenção apenas ao que a minha razão tentava me fazer enxergar. Me omiti por tantas vezes que quando ousei falar não me reconheci. Fechei cada fresta que autorizava a luz do sol entrar, permitindo que a poeira do meu silêncio acumulasse. Chorei todo meu reservatório de forças e me esgostei
Aos olhos alheios sou como rocha inabalável que nenhum vendaval é capaz de derrubar. Meu sorriso solto e minha conversa agradável me ajudam a sustentar esse teatro solo que protagonizo. Mas são em dias como hoje, em que a chuva castiga o telhado e o frio entra pelas brechas das portas, que minha conversa se torna curta e insípida. Dias em que desejo que alguém faça uma pequena ranhura em minha casca, permitindo que os raios de sol rompam a minha cápsula, levando embora o cheiro de mofo e abandono.

Nenhum comentário:

Postar um comentário